Ilhas de calor urbano aumentam o estresse térmico nas árvores
Referência:
Vo, T.T., Hu, L. Diurnal evolution of urban tree temperature at a city scale. Sci Rep 11, 10491 (2021).
Catolicismo, Agricultura, Ciência e Meio Ambiente.
Chama-se Revolução Verde a um extenso programa implementado em meados do século XX, iniciado no México, sob os auspícios da Fundação Rockfeller, cujo objetivo era promover efetivo aumento na produção agrícola para erradicar a fome do planeta. De fato, o programa idealizado e capitaneado pelo agrônomo, geneticista e melhorista vegetal norte-americano, Dr. Norman Borlaug, tirou da inanição e salvou a vida de milhares de pessoas no mundo inteiro, valendo ao cientista o Prêmio Nobel da Paz, em 1970.
Em setembro de 2009, foi noticiado pela imprensa internacional e nacional o falecimento do Dr. Borluag. Equivocadamente, boa parte da imprensa - inclusive a Folha de São Paulo - ao apresentar os feitos do cientista, afirmou que sua maior contribuição foi o lançamento de "variedades de plantas com elevada resistência às pragas e doenças".
Essa notícia causou espanto para todos os que conhecem a história da Revolução Verde. Ora, o grande feito do Dr. Bourluag e seus colaboradores foi o lançamento de variedades de alta produtividade, ou VAP, e não com elevada resistência a pragas e doenças. Assim, essas variedades que tinham efetivamente produtividade muito alta, apresentavam também como característica marcante justamente sua fragilidade em relação aos ataques de pragas e doenças. Essa fragilidade redundou em dependência de elevadas doses de fertilizantes industrias de alta solubilidade. A produção aumentava muitíssimo, é verdade, mas era necessária a aplicação de elevadas doses de agrotóxicos, bem como a prática da irrigação.
É preciso deixar claro que as variedades tradicionais, crioulas, cultivadas pelos agricultores do mundo em desenvolvimento eram muito mais adaptadas às condições locais de cultivo, além de praticamente não demandarem insumos externos. Além do mais, é evidente que, durante a muitos anos, foram as variedades tradicionais que garantiram a sobrevivência e a segurança alimentar dos povos e países pouco desenvolvidos.
As críticas aos métodos utilizados no programa do Dr. Borlaug foram muitas e intensas, sobretudo no que tange o meio ambiente e ás questões socioeconômicas. De fato, o programa tornou os agricultores do mundo subdesenvolvido muito mais dependentes não só de energia fóssil (petróleo), como também de tecnologias produzidas e dominadas por empresas dos países ricos. Vale lembrar que, entre os grandes financiadores da Revolução Verde, estavam empresas multinacionais e a Fundação Rockfeller, notadamente ligada aos setores petroleiros dos Estados Unidos.
Com a crise do petróleo dos anos 1970 e o uso indiscriminado de produtos inseticidas agrotóxicos, os resultados foram lamentáveis: êxodo rural, inchaço das cidades, violência urbana, marginalização e contaminação ambiental e humana. E a fome, que seria o nobre motivo do lançamento das VAP e que rendeu o Nobel da Paz ao Dr. Borluag? Bem a fome só aumento, chegando a cerca de 1 bilhão de cidadãos do planeta, segundo dados da FAO, aliás, grande incentivadora da Revolução Verde.
Essa visão crítica não implica uma posição contrária a ciência e a tecnologia. Posicionar-se contra a Revolução Verde não significa adotar uma posição obscurantista, até porque, estabelecido um balanço socioambiental, podemos ver que houve muito mais prejuízos que benefícios, e que a redução do custo dos alimentos decorrentes da produção em larga escala foi amplamente ultrapassada pelas doenças causadas a agricultores e consumidores, pelo aumento vertiginoso das doenças vegetais provenientes da fragilidade das plantas melhoradas geneticamente e pela enorme e incalculável perda de biodirversidade.
Para um aprofundamento desta análise, pode-se considerar a leitura de O Mercado da Fome: as verdadeiras razões da fome no mundo, de Susan George. O capítulo que trata especificamente da Revolução Verde é uma crítica contundente, que aborda questões ambientais, econômicas e culturais.
Um dos aspectos mais preocupantes da Revolução Verde é o fato dela ter provocado a perda de milhares de variedades espécies vegetais que 50 anos atrás eram cultivadas e mantidas em cultivos in vivo pelos agricultores. Muitas dessas variedades estão hoje armazenadas em projetos de altíssimo custo, como o Svalbard International Seed Vaulut (SISV) - o silo Global de Semendes de Svalbard, também conhecido como a Arca do Fim do Mundo - ou em bancos de germoplasma do United States Dapartment of Agriculture (USDA), da FAO, do Consultative Group on International Agricultural Resarch (CGIAR) ou da própria Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empraba). A perda de biodiversidade é um problema tão grave, que até cientistas de outras áreas do conhecimento como o astrofísico e cosmólogo britânico Martin Rees, colocam a destruição da biodiversidade, juntamente com o aquecimento global, como dos maiores perigos a serem enfrentados pela humanidade neste século.
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